Minha confissão narcisista (ou um pedido sincero).
- memoriascontos
- 21 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de dez. de 2024
Por André Shimizu.
Tenho carregado uma pequena frustração desde que comecei o Memórias em Contos. Quando compartilho essa frustração com amigos próximos, naturalmente, eles se divertem e riem. Gostaria de compartilhar contigo essa frustração mas, para entender ela, primeiro eu preciso te contar um pouco da história deste projeto.
Inicialmente, a minha ideia com o Memórias em Contos era escrever mini-biografias. Porém, conforme conversei com alguns amigos, fui facilmente convencido de que esse era um nicho muito pequeno; que raramente uma pessoa pagaria alguém para registrar sua própria história. Além disso, esse é um serviço que já existe e que envolve um tipo de escrita que não é o meu; é mais jornalístico, pé no chão, investigativo, e eu gosto mais é de escrever sobre as coisas do coração. Numa conversa com minha prima surgiu a ideia de, em vez de eu escrever biografias, escrever love letters, isto é, cartas de amor de uma pessoa para outra. "Amor" não no sentido romântico ou erótico, mas amor que se estende para amigos, familiares e pessoas que de alguma forma nos inspiram.
Essa ideia de cartas me empolgou mais do que a das biografias. Lembrei-me de um presente que eu mesmo me dei em Julho de 2023 e em Janeiro de 2024. As duas datas foram despedidas: em Julho, uma despedida minha no Brasil, pois eu estava indo para um intercâmbio no Canadá; em Janeiro, uma despedida com meus amigos no Canadá, pois eu estava voltando ao Brasil. Nessas duas despedidas levei um pequeno caderno em que pedi para as pessoas escreverem mensagens para mim. Hoje, diria que esse caderno é uma das coisas mais preciosas que tenho pois, lendo esse caderninho, recebo o afeto e as memórias de muitas pessoas por quem tenho grande estima. Sei que muitas das pessoas que me escreveram tem grande carinho por mim; mas, assim, não querendo julgar ninguém, mas evidentemente algumas sabem escrever melhor que outras. E assim encontrei o coração do meu serviço: usar minhas habilidades para registrar os afetos e memórias das pessoas, ajudando elas a comunicá-los!
No final, acabei juntando aquelas duas ideias: escrever mini-biografias e cartas de amor. Hoje, o Memórias em Contos tem a proposta de escrever histórias da vida de alguém na perspectiva de pessoas que carregam grande afeto por ela; uma mistura de crônica, conto, carta, entrevista e narrativa. Uma história contada por um amador, mas escrita por um profissional!
Conforme essa ideia amadurecia percebi o potencial desse serviço. Para quem recebe é um presente incrível! Quem não gosta de contar e reviver as boas histórias do passado? Receber a gratidão, o carinho e o amor das pessoas que caminharam conosco? Descobrir que você é mais importante do que pensava e ter tudo isso registrado num livro bem humorado, divertido e, quando precisa, profundamente intenso emocionalmente? E tudo isso num contexto de surpresa; ninguém nunca imaginaria receber um livro da própria história que foi construído por várias pessoas queridas; e um livro que é também um álbum de fotos para fortalecer ainda mais esses sentimentos e a gratidão por essas pessoas! Coisa linda!
Agora sim estou pronto para fazer minha confissão: eu criei o presente que sempre sonhei, mas que provavelmente nunca receberei. Claro, eventualmente pode surgir algum tipo de concorrente e meus amigos podem fazer a boa mas, até lá, pois é. Aqui estou. Vida segue.